segunda-feira, 24 de novembro de 2008

sexta-feira, 14 de novembro de 2008

A menina dos olhos assustados

Lembrar da infância sempre é maravilhoso, porém, mais ainda, quando ouvimos relatos de pessoas que fizeram parte da nossa história, quando você nem sonhava o que era ser gente.
Estava eu caminhando pelos corredores do Instituto São José - sentindo minha presença de um passado próximo - aproximo-me da cantina e ouço a maravilhosa Gracinha dizer:
- Estava aqui lembrando de quando você era criança... aqueles olhos assustados, olhos de quem era muito danada.
- Poxa! Eu realmente tenho olhos assutados! São bastantes expressivos e eu não sem mentir com eles em meu rosto... Ela riu profundamente e adentramos em uma conversa saudosista, relembrando épocas, que como já disse, passadas e próximas ao mesmo tempo.
Depois dessa pausa para o cafezinho divino de Gracinha, volto ao meu trabalho e deparo-me com a presença da Ir. Alzira. Coincidentemente, estava ela a relatar a mesma coisa. Olhou para mim e disse:
- Essa menina era muito danada! Tinha os olhos tão assutados!
Parei comovida com as duas observações em menos de 10 minutos.
-Acabei de ouvir Gracinha dizer a mesma coisa. Adjetivando-me igualmente. Será que eu vou morrer?
Minha tia que estava ao meu lado riu e nós três fizemos novamente uma pequena retrospectiva. Voltei a trabalhar com um sentimento estranho. Sinceramente pensei que fosse morrer naquele dia, e imaginei que as pessoas quando morrem, vivem e sentem a mesma situação. Porém não posso esquecer desse despertar da minha infância. Olho para trás com saudades, mas hoje sinto que o presente proporciona essa condição de despertar, para não tornar a vida ainda mais monótona.
Deixando a memória da infância viver e permanecer para sempre em nós...