Depois da cena forte que presenciei hoje à tarde, repensei mais uma vez a questão dos idosos na nossa sociedade hipócrita. Sociedade esta, que cria Estatuto do Idoso, mas não dá nenhum direito a quem realmente precisa. Poxa vida!
Olhei tão fundo no olhar daquela senhora, que estava sozinha no ponto de ônibus. Voz trêmula, olhar desesperançado... carregando umas sacolas numa mão e na outra uma bengala, perguntando se seu ônibus já havia passado... e o que é pior: ela fez um gesto de agradecimento quando dissemos (eu e uma moça - que por sinal estava esperando o mesmo ônibus que eu, indiganada pelo atraso)que o ônibus que havia passado era o ônibus maior. Daí pensei - ela perguntou se era o menor, porque se fosse o ônibus maior, não ir ter quem a ajudasse a subir. Senti uma profunda indignação na hora, misturado com revolta, de ver uma anciã naquele estado. Onde estaria a sua família? Não aguentei ver aquilo e tentei ajudá-la como pude... Ah meu Deus, será que ela chegou em casa sã e salva? Eis a pergunta que não quer calar... Pensei no meu dever como filha, neta e sobrinha, aliás, acima de tudo, como cidadã. Não poderei deixar que essa cena se reproduza mais uma vez em minha frente. Não mesmo! Não posso deixar que as grandes cidades matem minhas esperanças com ofertas de conforto só para quem tem dinheiro.
Uma pausa para aquela senhora. Uma pausa para reflexão!
Um comentário:
Nosso país não tem nenhum zelo pela sua memória, prefere agarra-se com as coisas novas inépcias. Eu já testemunhei pessoas do poder judiciário dizer que Estatuto do Idoso e nada é a mesma coisa. É uma vergonha!
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